Livro de Viagens - África - 3
Bufalos antílopes javalis hienas chacais avestruzes gazelas impalas (uma delas com um só chifre à espera da morte) gnus gazelas de Thompson gazelas de Grant girafas babuínos pavões chitas zebras elefantes javalis hipopótamos crocodilos leopardos os leões a deixarem cair a cabeça de cansaço - todos livres.
Esta liberdade traz uma espécie de paz, não nos cansamos de os seguir. Correm e dormem, caçam e fogem, acasalam e são banidos, como nós mas com menos crueldade pensada. Vêem-se muitas crias que assegurarão o futuro desta savana se o homem não a destruir. Está tudo mais verde do que cor de leão. É o fim da estação das chuvas e a grande migração dirige-se para cá, para norte, vindos do Serengetti, atravessando o rio Mara infestado de hipopótamos e crocodilos.
Ainda os cúmulos-nimbos com ameaça de chuva que melhora as fotos e piora as estradas fazendo deslizar o Land Cruiser. Vou de pé, olho as acácias, o meu foco numa espécie de sonho tão vivo que nem parece sonho, parece verdade, mas eu sei que é impossível eu estar aqui, com o horizonte pontuado de acácias e um rugido ao longe. Outra vez a memória de Fernando Noronha, quando partimos o eixo da carrinha Land Rover em caminhos como estes - piores? Piores. Mas era eu e não o Maga que conduzia. Aqui avança-se devagar, ao ritmo do olhar e dos sons ao longe.
“Só um louco culpa a chuva de ter más férias.” Disse Theroux.
Chegámos ao acampamento onde somos recebidos com Akuna Matata e sorrisos.
Fervem água para o duche e bombeiam para a tenda.
Asante sana!
(Algumas das fotos são da Mariona e do Albert)