Diário de um recolhimento 6

31/03/2020 Hoje é o meu dia de trabalho nos hospitais. O sol continua escondido e agora chora. Bem de certo - como diz a Bet - não lhe atenderam as queixas de ontem. Consultas presenciais, videoconsultas e teleconsultas. Tentar dar a volta a isto. Um homem que sobreviveu ao seu tractor em cima, outro que quase morreu com uma bicicleta, alea jacta est. Ainda é cedo e vai piorar, mas pode ser que não fique tão mau como em Espanha. Triste fado, ouço a Amália no carro “Estranha Forma de Vida”. Nem mais, como o livro do Vila Matas, aliás inspirado no fado escrito pela própria Diva. Deixo aqui espaço para o livro ao fim da tarde: “À minha maneira quis comportar-me como se fosse o Deus antigo dos cristãos. À minha maneira quis estar em todos os lugares e espiar tudo, espiar toda a gente. Estranha forma de vida. Tornei-me espião de mim próprio.” Como todos nós, imagino por esta altura. Continuo no fado em viagem para o hospital, Camané, Gisela João, Ana Moura e a revelação (para ...